O que esperar dos preços do milho e da soja em 2019?
O Farmnews apresenta análise do Cepea que comenta sobre a expectativa dos preços do milho e da soja em 2019.
A nova temporada de grãos, a ser colhida em 2019, se inicia no Brasil em clima de certo otimismo, sustentado pelos bons resultados das duas últimas safras, pelo menos – tanto em termos de produção quanto de rentabilidade.
Para a próxima temporada, dados da primeira estimativa da Conab apontam certa estabilidade para o milho total (a depender da 2ª safra, cultivada nos primeiros meses de 2019) e novo crescimento da área com soja.
Em termos de produção, o maior uso de tecnologias no campo deve continuar favorecendo ganhos de produtividade, mas o clima tem peso importante. De qualquer maneira, são esperadas ofertas maiores que em 2017/18, especialmente para o milho.
Ao se avaliar os períodos de tomada de decisão nas diferentes regiões brasileiras, em especial entre o final do segundo trimestre e todo o terceiro trimestre de cada ano, em 2018, os preços no mercado físico estiveram maiores que os registrados em 2017. E isso, por si só, já cria um ambiente favorável para aumentos de área, com uma expectativa positiva de preços do milho e da soja em 2019.
Entretanto, o que deve ser considerado nas decisões são os preços que podem ser obtidos no momento de colheita de cada cultura. Para a soja, os valores na Bolsa de Chicago (CME/CBOT) apontam elevações para os próximos dois anos, depois de terem registrado perdas expressivas em 2018.
Já para o Brasil, ao se considerar os valores FOB (Free on Board) porto de Paranaguá, os contratos a termo para março, abril e maio de 2019 apontam quedas de 13%, em dólares, em relação aos valores de outubro e novembro. Para o vendedor brasileiro, a receita também dependerá do dólar.
Assim, enquanto a guerra comercial entre Estados Unidos e China fez os preços da soja norte-americana despencarem e os da América do Sul subirem, a boa safra registrada neste semestre nos Estados Unidos e uma nova produção recorde na América do Sul podem elevar os estoques mundiais e pressionar as cotações. Além disso, certamente, países importadores, que não a China, devem optar por comprar maiores volumes dos Estados Unidos em detrimento da América do Sul, diante dos diferenciais de preços desfavoráveis para a América do Sul.
E por falar em China, clique aqui e confira alguns dados que mostram a importância da China para o agronegócio brasileiro!
Para o milho, os preços nos Estados Unidos também sinalizam altas, o que deve atrair produtores daquele país novamente para a cultura em 2019.
No Brasil, os preços estão bem maiores que os registrados em 2017 e, por enquanto, o mercado futuro não sinaliza quedas expressivas para o próximo ano. Entretanto, como as exportações estão em ritmo mais lento, pode ser que os estoques de passagem fiquem mais elevados que os esperados até o momento, que a oferta de primeira safra seja maior que em 2018 e que ocorra boa oferta da 2ª safra. Com isso, as cotações podem recuar comparativamente ao esperado até o momento.
O fato é que é para o milho que os valores podem oscilar de forma mais intensa e em curto período, elevando a necessidade de acompanhamento “mais de perto”, para não perder o momento adequado de tomada de decisão.
Além de estar atento a expectativa futura dos preços do milho e da soja em 2019, clique aqui e confira como tem evoluído os preços do milho e da soja em 2018 ao longo dos últimos 2 anos.
Para todas as culturas, vale observar que as compras de insumos ocorreram com taxa câmbio relativamente elevada. Caso o Real se valorize, a paridade de exportação pode ser pressionada, podendo levar a um descasamento não esperado entre receita e custo.
E por falar em preços do milho e da soja em 2019, vale destacar também que o custo de produzir milho e soja na safra 2018/19 deve ser maior devido ao efeito da desvalorização do Real e do frete. Clique aqui e saiba mais do assunto!
Adaptado de Lucilio Alves, Professor da Esalq/USP e Pesquisador responsável pelas Equipes de Grãos, Fibras e Raízes do Cepea – cepea@usp.br
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