Custos na pecuária de corte: entendendo os gastos na fase de terminação

Ricardo Brumatti destaca a importância dos fatores de custos na pecuária de corte na fase de terminação, conforme o nível tecnológico dos sistemas produtivos.
Vale destacar que os dados oficiais preliminares de 2024 (IBGE) indicam que os produtores brasileiros de carne bovina abateram aproximadamente 38,9 milhões de cabeças. Deste total, projeções apontam que pelo menos 17% são oriundos de sistemas intensivos confinados, enquanto o restante provém de sistemas a pasto.
Uma correlação dos valores de mercado apresentados pelo Beef Report 2024 sugere que pelo menos outros 25% dos animais são provenientes de sistemas exclusivos de recria e engorda, considerando a proporção do segmento de animais de reposição no PIB do setor.
Desse modo, se cerca de 42% dos animais abatidos são oriundos de sistemas especializados em engorda, cabe a esses produtores dedicar máxima atenção aos valores pagos pelos animais de reposição, bem como aos custos com alimentação, englobando tanto a parte nutricional quanto a agrícola, vinculada às pastagens.
Nesse aspecto, a análise da relação de troca, seja na reposição do rebanho (clique aqui) como dos insumos de alimentação, como o milho (clique aqui) são temas frequentemente apresentados no Farmnews e merecem cada vez mais atenção.
Quando o assunto é custos na pecuária de corte, o planejamento técnico-financeiro é de extrema importância, uma vez que, dependendo do padrão de alimentação, pode levar muitos meses para realizar o giro do estoque de animais, com saídas de caixa constantes e incertezas em ambas as extremidades financeiras.
Um termo muito usado na pecuária é que a “roda” de receita é quadrada e a de custos “redonda”, ou seja, não para, enquanto as receitas acontecem poucas vezes no ano. Isso reforça a importância do acompanhamento dos custos na pecuária de corte e do acompanhamento dos indicadores que mostram os melhores momentos para repor o rebanho e a compra de insumos.
Erros estratégicos comuns incluem a aquisição de animais com ágio, em períodos inadequados, fora do peso ideal, com baixo potencial genético e inseridos em sistemas excessivamente longos para o devido ganho de peso, resultando no chamado “boi sanfona”.
Nesse mercado, três tipos de custos produtivos são cruciais e se destacam: o valor da reposição, que em alguns cenários pode representar até 70% do custo total, e os gastos com alimentação, divididos entre custos nutricionais e agrícolas. A projeção da proporcionalidade destes custos pode ser observada na Figura a seguir.
Fonte: Adaptado e compilado de BeefReport, ABIEC.
Aos produtores que ainda se encontram em sistemas de baixíssima aplicação tecnológica, observa-se um quarto item importante, a Depreciação, totalmente vinculada à questão da obsolescência, particularmente alta destes sistema produtivos. Normalmente os mais vulneráveis a crises e competitividade com outros setores produtivos.
Atualmente, ferramentas de simulação de desempenho técnico-econômico já estão à disposição dos produtores, acessíveis na palma da mão, graças à popularização dos smartphones, tornando-se imprescindíveis para a previsão de resultados e a tomada de decisões estratégicas.
Cabe a cada produtor a busca e aplicação das técnicas produtivas mais adequadas a sua propriedade, ao devido treinamento e evolução de sua equipe de colaboradores, e a constante análise do mercado em termos de preços para se manter economicamente viável na pecuária brasileira.
Vale destacar que a gestão de custos fará parte da rotina de análise do Farmews, em uma parceria com Ricardo Brumatti, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Clique aqui e saiba mais!
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