Dólar beira R$6,0: quais os impactos no agronegócio do Brasil?
Com a desvalorização do Real alcançando patamares recorde, quais os impactos no agronegócio do Brasil?
Pois é, a relação da moeda americana e o agronegócio brasileiro envolve aspectos positivos e negativos, uma vez que por vezes pode favorecer as vendas externas tornando o preço dos produtos nacionais mais competitivos lá fora, como também refletir no aumento do custo de insumos que utilizam matéria-prima importada.
E aliás, o Farmnews destacou os prós e contras da relação entre o dólar e o agronegócio. Clique aqui e saiba mais do assunto.
O fato é que com o dólar cotado cada vez mais próximo de R$6,0, os preços em dólares das commodities agrícolas brasileiras se aproximam das mínimas históricas e, claro aumentando e, muito a competitividade dos produtos do campo no mercado internacional.
Um exemplo é o preço em dólares da soja brasileira que, na parcial de maio, foi cotada no menor valor em mais de uma década, apesar de, em moeda nacional, o valor atingir recorde histórico, acima de RS110,0 por saca (indicador Cepea base Paranaguá-PR). E a exportação de soja do Brasil foi recorde nos 4 primeiros meses de 2020.
No caso do boi gordo o cenário é parecido. Embora o valor da arroba esteja praticamente estável em 2020 e o preço nominal cerca de 30% acima do observado em 2019, o preço em dólares do boi gordo na média parcial de maio foi de US$34,6 por arroba, o menor valor em mais de 10 anos. E como observado para a soja, as vendas de carne bovina do Brasil no mercado internacional foram recorde nos primeiros meses de 2020.
E em comum para a soja e o boi gordo temos o aumento da demanda chinesa pelos produtos nacionais. Clique aqui e confira o que e quanto a China importou do agronegócio brasileiro na parcial de 2020.
Para o milho, embora o preço em dólar esteja competitivo no cenário internacional e, abaixo de US$10,0 por saca, as vendas do Brasil apresentam forte queda em 2020 uma vez que os efeitos negativos da COVID-19 afetam mais intensamente a perspectiva de demanda da commodity no cenário mundial. Nesse aspecto, vale lembrar que a China não é um relevante importador do grão, sendo inclusive um dos maiores produtores mundiais de milho. Clique aqui e confira os dados de exportação de milho do Brasil entre janeiro e abril de 2020.
Nesse contexto, vale mencionar também a indústria do agronegócio, a exemplo dos produtores, enfrentam prós e contras com dólar em alta, seja por custo em alta como o aumento da dívida daqueles que as tem indexada na moeda americana. Mas é igualmente importante destacar que a receita com a exportação de carne bovina, por exemplo, em valores Reais segue em patamar recorde em 2020.
Em outras palavras, no caso dos frigoríficos exportadores, a receita oriunda com a venda de carne bovina para o exterior nunca foi tão alta, seja pelo ritmo de embarques como pelo preço em moeda nacional das vendas. Cique aqui e confira o comportamento do preço da carne bovina brasileira no mercado internacional em Reais por tonelada.
Pois é, um dos impactos no agronegócio é que mesmo com os patamares recorde de preços de algumas das principais commodities agrícolas, em moeda americana o valor delas em 2020 segue o mais baixo em mais de uma década.
Bom, mas o dólar elevado apesar do benefício de aumentar a atratividade dos produtos do agronegócio brasileiro para exportação, por outro lado também contribui para a alta no custo de produção, pressionando o preço de insumos que apresentam matéria-prima importada em sua composição.
Por falar em custo de produção e impactos no agronegócio em função do câmbio, o Farmnews discutiu com a Universidade Perfarm alguns aspectos ligados margem de lucro e a proteção de preços no agronegócio. Clique aqui e confira!
E mudando de assunto, você sabe quais os setores do agro mais impactados pelo coronavírus? Clique aqui e descubra!
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