O confinamento na bovinocultura de corte permite reduzir ciclo e aumentar produtividade. Por outro lado, aumenta os riscos, mesmo oferecendo ganhos de escala. E como equilibrar esses fatores?

O confinamento de animais é uma prática bem conhecida pelo pecuarista brasileiro há tempos, mas sempre representou um desafio significativo, especialmente para um mercado que dispõe de amplas áreas de pastagens e terras disponíveis.

No entanto, essa ferramenta traz duas características marcantes e opostas! Por um lado, é inegável que ela permite reduzir o tempo de abate, aumentar a quantidade produzida, acelerar o giro de capital e liberar espaço nas propriedades rurais. Por outro, eleva os riscos da atividade, já que incrementa os custos de produção e comprime as margens de lucro, mesmo oferecendo um impressionante ganho de escala.

A realidade é que a crescente competição por áreas produtivas no Brasil, aliada à busca por maior rentabilidade por hectare, tem intensificado a pressão por eficiência técnica e econômica. Isso, somado à necessidade de melhor aproveitamento das terras, tem impulsionado a procura pelo confinamento.

Nesse contexto, daremos início a uma breve série de análises econômicas sobre o tema, começando com a primeira simulação. Vale lembrar que iremos abordar uma série de materiais sobre o tema!

A Figura a seguir destaca três possíveis cenários, considerando o momento atual da pecuária nacional.

Os cálculos consideram uma produtividade que permite a um animal com peso inicial médio de 370 kg de peso vivo alcançar 550 kg ao final do processo. Para atingir esses resultados, foram definidas algumas características, como um período de engorda de 100 dias, um GMD de 1,800 kg/dia e um rendimento médio de carcaça de 56,5%.

Quanto aos valores de mercado, a simulação chamada “Cenário Atual” utiliza o preço de venda de R$ 300,00/@, considerando os dois principais custos produtivos: R$ 10,40/kg de peso vivo para a aquisição do animal magro e R$ 18,00/kg de dieta por dia.

Dessa forma, esse cenário resulta em um Lucro Bruto de R$ 27,37/@, equivalente a uma Margem Bruta estreita de 9,12%, e uma Taxa Interna de Retorno de 2,93% ao mês, valor que supera uma referência como a Taxa Selic, atualmente em 1,04% ao mês.

Esse cenário destaca as duas perspectivas que essa ferramenta oferece aos produtores: embora seja possível alcançar um bom resultado econômico, até mesmo superando alternativas de investimento, além de proporcionar maior giro de capital e liberar espaço na fazenda, ela também traz um aumento natural dos custos e uma redução na margem de lucro. Essa característica, quando comparada a outros sistemas, pode preocupar o produtor, mas é importante ressaltar que a velocidade de terminação é inegavelmente maior.

Para enriquecer a análise, realizamos cálculos para outros dois cenários, modificando apenas o valor pago ao produtor pela arroba do boi gordo. Observe que uma oscilação de 10% pode gerar cenários bem distintos, reforçando a importância de o produtor que adota essa técnica monitorar constantemente o mercado e utilizar ferramentas de comercialização para proteger o valor de venda.

Para o produtor que adota uma gestão produtiva e comercial bem organizada, monitorar o mercado de perto e aplicar as melhores técnicas de produção, com animais de alto potencial genético e nutricional, é fundamental. Essas estratégias ajudam a prevenir erros que possam prejudicar uma técnica de terminação capaz de turbinar o capital da fazenda, elevar a quantidade de produto final e otimizar a eficiência técnica e econômica da produção.

Para apoiar nossos leitores, oferecemos uma ferramenta prática que realiza essas simulações de confinamento e pode ser facilmente acessada pelo link abaixo.

https://simula-confinamento.flutterflow.app

Em nossos próximos artigos, exploraremos os demais parâmetros e conduziremos testes complementares para aprofundar o conhecimento sobre as vantagens e os riscos desse sistema produtivo.

E você sabia que o controle de indicadores econômicos na pecuária ainda acontece, em geral, de modo fragmentado, com retrabalho, defasagem e limitações nas tomadas de decisões? Pois é, clique aqui e saiba mais do assunto!

Vale lembrar que Ricardo Brumatti também apresentou os dados que mostram a importância dos fatores de custos nas atividades de ciclo completo (clique aqui) e da engorda (clique aqui) e também na cria (clique aqui).

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