Análise do retorno econômico da pecuária de corte no Brasil
O Cepea, em parceria com a CNA e o Projeto Campo Futuro, apresenta dados do retorno econômico da pecuária de corte em junho de 2019.
Com o avanço da fronteira agrícola nos últimos anos, as regiões do País que são tipicamente de pecuária têm apresentado a introdução de culturas anuais, como a soja, elevando a competição pelo uso da terra.
Nesse contexto, os sistemas de produção que apresentam maior atratividade econômica aos produtores tendem a prosperar, enquanto os menos rentáveis terão sua presença reduzida gradativamente.
A capacidade de avaliar o retorno econômico da pecuária de corte é premissa básica para uma boa gestão, sendo a análise da taxa de remuneração do capital investido (TRC) uma das ferramentas disponíveis. Esta análise compara o retorno da atividade com o de outros sistemas de produção e taxas de juros, sendo assim, quanto maior a remuneração sobre o capital investido, maior a atratividade do sistema.
Para exemplificar a análise, a CNA, em parceria com o Cepea utilizou os dados da região de Alta Floresta (MT), levantados pelo Projeto Campo Futuro, considerando propriedades de cria e de recria e engorda.
Para o cálculo da TRC, a margem líquida da atividade (diferença entre a receita bruta anual e Custo Operacional Total), é dividida pelo capital investido na propriedade, composto pelos valores das benfeitorias, máquinas, implementos, utilitários, rebanho e terra.
Em Alta Floresta, as margens líquidas em junho de 2019 foram de R$221,40 e R$291,87 por hectare de área produtiva para cria e recria e engorda, respectivamente. Para o período analisado, os respectivos capitais investidos são de R$25.339,76 e R$32.401,67/ha. O capital imobilizado destas propriedades típicas pode ser observado na Tabela a seguir.
A Tabela a seguir apresenta dados de capital investido e taxa de remuneração do capital das propriedades modelos de Cria e Recria e Engorda de Alta Floresta/MT (valores referentes a junho/19), segundo dados do Projeto Campo Futuro/CNA.
Como resultado, as propriedades típicas de Alta Floresta atingem TRC de 0,87% e 0,90%, respectivamente, ficando abaixo de taxas fixas do mercados de investimento, como a Selic 2018, taxa básica de juros da economia nacional, 6,4%, poupança 4,62%; e CDI que acumulou 6,42% no período.
O fato é que o retorno econômico da pecuária de corte, segundo dados do estudo de junho de 2019, mostrou a pouca atratividade no segmento, inclusive perdendo de investimentos de taxas fixas, como poupança, selic etc.
Dados do Projeto Campo Futuro de Sinop, região próxima a Alta Floresta, apontam que os sistemas de soja e milho safrinha apresentaram margem de R$666,05/ ha, com taxa de remuneração de 2,83%. Essas diferenças indicam que existem outros investimentos mais rentáveis que os sistemas de produção avaliados.
Porém, as propriedades amostradas não demonstram o potencial produtivo para atividade pecuária. Através da tecnificação da atividade e incremento de produtividade (Tabela abaixo), os sistemas podem se tornar tão competitivos quanto as demais culturas e remunerarem acima das taxas fixas apresentadas.
A Tabela abaixo apresenta dados de índices zootécnicos das propriedades de Cria e de Recria e Engorda em Alta Floresta/MT, segundo dados do Projeto Campo Futuro/CNA de 2018.
Dessa forma, avaliar a fundo os gargalos do sistema produtivo pecuário, visando otimizar os processos inerentes à atividade, deve ser prioridade para os gestores das fazendas. Para este fim, treinamentos e assessoria técnica qualificada devem sempre ser procurados, para definir o curso de ações mais adequado à cada caso.
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Adaptado do Cepea
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