O controle de indicadores econômicos na pecuária ainda acontece, em geral, de modo fragmentado, com retrabalho, defasagem e limitações nas tomadas de decisões.
Toda atividade econômica possui seus indicadores de eficiência, e na pecuária não é diferente. No entanto, considerando o vasto número de produtores rurais, o uso eficaz dessas ferramentas ainda não é uma prática amplamente difundida.
Podemos começar pelo fundamental: para calcular seus indicadores, o produtor precisa conhecer seu rebanho, seu plano de contas e seus índices zootécnicos.
Neste ponto, surgem os primeiros desafios, especialmente ao considerarmos que a pecuária ainda se encontra, em maior ou menor grau, defasada em relação à agricultura no que diz respeito à adoção de tecnologias computacionais para controle e gestão.
É relativamente comum encontrar produtores que, mesmo dispondo de algum nível de controle, utilizam ferramentas bastante limitadas, como planilhas eletrônicas, sistemas ERP adaptados ou, em cenários mais críticos, trabalham de forma fragmentada, recorrendo a quatro ou até cinco sistemas distintos: um para controle do rebanho, outro para a gestão financeira, um terceiro para emissão de certificações, outro vinculado ao frigorífico parceiro, e assim por diante. Esse cenário será explorado em maior profundidade nesta coluna, à medida que discutirmos as oportunidades oferecidas pelo avanço tecnológico no setor.
Atualmente, um dos grandes desafios dessa fragmentação é o retrabalho gerado e a defasagem ou limitação dos indicadores econômicos na pecuária possíveis de serem gerados, comprometendo a tomada de decisão.
Entretanto, essa realidade não deve ser encarada como uma crítica, mas sim como uma oportunidade de aprimoramento e investimentos, tanto por parte dos produtores quanto dos técnicos e empresas do setor.
Podemos, então, categorizar os indicadores técnico-econômicos em três grandes grupos:
Indicadores relacionados à eficiência das receitas;
Indicadores relacionados à eficiência dos custos;
Indicadores relacionados à eficiência financeira do capital investido.
O quadro abaixo detalha alguns dos principais indicadores, apresentando inclusive as fórmulas utilizadas em seu cálculo. No entanto, vale destacar que os indicadores mais relevantes estão sempre atrelados ao tamanho da propriedade, especialmente em relação à sua área produtiva e à composição do rebanho comercializado, considerando tanto o número de cabeças quanto a produção total de arrobas vendidas.
Quadro 1. Indicadores econômicos aplicados à pecuária de corte.
O quadro destaca os principais indicadores econômicos, que devem ser calculados com base no Regime de Competência, no qual as receitas e os custos são reconhecidos no momento em que são gerados, independentemente do pagamento ou recebimento, proporcionando uma análise mais precisa dos resultados.
Além desses indicadores, é fundamental a correta valoração do estoque de animais. Para isso, o produtor deve conhecer a composição de seu rebanho nos momentos iniciais e finais do ciclo pecuário, permitindo a comparação do total de arrobas em estoque ao longo dos doze meses do período. Essa valoração exige a conversão dos estoques para reais, utilizando como referência o valor médio da arroba do boi gordo no período analisado.
Seguindo esse roteiro, os produtores que ainda não adotam esses conceitos poderão iniciar seus cálculos, tanto para avaliar os resultados de sua propriedade quanto para comparar seu desempenho com outros sistemas produtivos e culturas agrícolas.
Vale lembrar que Ricardo Brumatti apresentou, no Farmnews dados que mostram a importância dos fatores de custos nas atividades de ciclo completo (clique aqui) e da engorda (clique aqui) e também na cria (clique aqui).
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