Biocarvão é alternativa para aumentar matéria orgânica do solo
A aplicação de biocarvão (biochar) pode ser uma boa opção para aumentar a quantidade de matéria orgânica em solos agrícolas.
A aposta é feita pelos participantes do XII Encontro Brasileiro de Substâncias Húmicas e Matéria Orgânica Natural, realizado na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT).
O evento reuniu pesquisadores do Brasil e do exterior que discutiram o que há de mais recente na ciência sobre os benefícios da matéria orgânica para a fertilidade de solos tropicais.
Com o uso intensivo do solo pela atividade agropecuária, a quantidade de matéria orgânica de decomposição lenta vem reduzindo. Parte dessa demanda é suprida pela palhada presente em sistemas conservacionistas, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
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Entretanto, pesquisadores buscam novas alternativas para recompor a matéria orgânica. O biocarvão feito a partir da pirólise (queima controlada sem presença de oxigênio) de restos vegetais tem se mostrado uma boa alternativa.
“Claro que o plantio direto com rotação de culturas já é uma realidade em muitas regiões do Brasil. E isso tem se mostrado uma estratégia com resultados positivos. O biocarvão é uma estratégia promissora. Porém, ainda tem que se investigar muito os efeitos a longo prazo dessa aplicação e os volumes a serem usados. Inclusive, o tipo de solo e de clima, pois isso é muito importante para a dinâmica do biocarvão”, afirma a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Déborah Dick.
O pesquisador da Embrapa Solos Etelvino Novotny também vê com cautela o uso imediato do biocarvão. Para ele, nos últimos dez anos, quando começaram as pesquisas com o produto no Brasil, houve uma grande evolução e os resultados são promissores. Porém, ainda é preciso estudar melhor os efeitos da aplicação do produto no ambiente.
A definição de doses a serem utilizadas também é outro ponto que precisa ser melhor definido.
As pesquisas têm sido feitas com dosagens altas de biocarvão, como 10 a 15 toneladas por hectare. Essas quantias inviabilizam o uso em larga escala.
Entretanto, é possível pensar em usos agregados a outros materiais, ou na potencialização das características do biochar.
Adaptado de Gabriel Faria, da Embrapa
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