Custo logístico derruba competitividade do agronegócio brasileiro
O campo ganhou produtividade, mas o alto custo logístico provocado por falhas de infraestrutura faz nossa competitividade do agronegócio cair forte no mercado internacional.
Três países (Brasil, Argentina e Estados Unidos) concentram 80% da produção de soja no mundo e 90% do mercado de exportação.
A competitividade do agronegócio nacional fica na rabeira do trio quando avaliamos os custos logísticos.
“O custo do produtor, da saída da porteira da fazenda até o porto onde o grão vai ser despachado para o exterior é cerca de quatro vezes maior que nos Estados Unidos ou na Argentina. O mundo não vai pagar 20% ou 30% a mais no valor final”, declarou Luiz Fayet, da CNA.
Segundo estudo feito pelo Gite, se o Brasil conseguisse solucionar seus problemas no escoamento de produtos do agronegócio, os produtores teriam um ganho 35% superior ao atual. O problema é que o país investe pouco em logística de mesmo esse pouco é mal investido.
No último meio século, a produção do agronegócio se deslocou do Sul e Sudeste para o Centro-Oeste, cuja localização aumenta a dificuldade de transporte.
O desafio do Brasil é fazer com que os produtos da região sejam exportados através dos portos do eixo Norte, como o de Santarém, em vez dos portos do Sudeste.
Mas as dificuldades do transporte rodoviário em trechos ainda não asfaltados da BR-163 muitas vezes levam os produtores a evitar a rota do Centro-Oeste ao Norte.
Fayet, da CNA, afirma que a troca derrubaria o custo de transporte de cerca de US$125 por tonelada para US$80.
Os especialistas apontam também que problemas regulatórios e insegurança jurídica acabam afastando os investimentos necessários para solucionar os gargalos de infraestrutura.
A lei brasileira restringe a compra de navios produzidos no exterior, mas a indústria naval nacional tem custos inflados”, declarou Fayet. “Se eu carrego um navio para sair do Norte e ir até o Recife, o valor do frete vai ser semelhante ao custo para transportar um produto até Xangai.”
A legislação brasileira, diz ele, faz com que a navegação de cabotagem no Brasil seja de sete a dez vezes mais cara que a de longa distância.
Outro ponto criticado pelo especialista foi o processo de licitação para a expansão da capacidade dos portos. “Cláusulas estabelecem que a concessionária deve aceitar novas normas que venham a ser editadas. Assim ninguém entra numa concorrência.”
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Adaptado de Folha de São Paulo
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