Pesquisadora do LAE/USP, Mariel Tavares, destaca importância do uso da farinha de insetos na alimentação animal.
E a importância da farinha de insetos na alimentação animal é ressaltada diante do cenário desafiador à capacidade global de fornecer alimentos suficientes.
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E cabe destacar que as proteínas de origem animal fornecem uma ampla variedade de micronutrientes – como vitaminas A, B-12, riboflavina, cálcio, ferro e zinco – e que são difíceis de obter em quantidades adequadas a partir das fontes vegetais.
A crescente escassez de recursos para produzir ingredientes para alimentação animal, fizeram dobrar os preços dos insumos nos últimos cinco anos, o que já representa 60-70% dos custos de produção.
Assim, fontes alternativas à proteína de origem animal, como a farinha de insetos, são necessárias para o suprimento de alimentos daquela população mundial crescente.
Insetos têm sido propostos como fonte proteica alternativa e de alta qualidade, eficiente e sustentável. Usar insetos como fonte de proteína pode contribuir para a segurança alimentar global via alimentação animal ou como alimento direto para os seres humanos.
Figura: Como utilizar insetos em uma economia circular
Os insetos são uma fonte alternativa de proteína animal, que pode ser cultivada de forma correntes e orgânicas. As razões são que eles têm uma eficiência de conversão alimentar favorável, acreditam os pesquisadores, porque eles são de sangue frio. Insetos contêm entre 30% e 70% de proteína bruta na matéria seca. A Tabela a seguir mostra proteína e gordura composição de larvas para três espécies de insetos em comparação à farinha de peixe e farelo de soja desengordurado.
Tabela: Proteína bruta e gordura (base matéria seca) de larvas de três espécies de insetos, comparadas a farinha de peixe e farelo de soja, segundo dados de Veldkamp et al. 2012.
O conteúdo proteico das espécies de insetos está dentro dos limites que o farelo de soja e farinha de peixe apresentam e o teor de gordura é maior especialmente em comparação com farelo de soja (desengordurado).
Larvas de moscas soldado-negro possuem uma quantidade relativamente alta de proteína e gordura. Nelas uma fonte adequada de alimento para o gado, mas também para os peixes. Como componente de uma dieta completa, elas geraram resultados que suportam o bom crescimento também de frangos, suínos além de várias espécies de peixes comerciais.
Ademais, podem reduzir o potencial de poluição de esterco em até 60%, reduzir as bactérias nocivas e as populações de mosca doméstica. Ou seja, as aves excretam fezes mais líquidas e, portanto, menos adequadas para larvas de mosca doméstica.
Dietas contendo 25% de farinha de peixe foram eficientemente substituídas por proteína de larva, resultando em melhores pesos médios semanais, ganho de peso e conversão alimentar além de apresentarem menores custos. A larva de farinha amarela tem se mostrado uma fonte de proteína aceitável para bagres africanos e para frangos de corte, e eles podem ser cultivados em materiais residuais secos e cozidos de frutas, legumes e cereais em várias combinações.
Em instalações de confinamentos bovinos as larvas da BSF (Black Soldier Fly) reduziram o P disponível em 61-70% e o N em 30-50%. A digestão de suínos com BSF de suínos reduziu os seguintes nutrientes: N-71%, P-52%, K-52%, enquanto Al, B, Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, Pb, S e Zn foram reduzidos de 38 a 93%. As larvas modificam a microflora das fezes, reduzindo potencialmente as bactérias nocivas por exemplo. A atividade larval reduziu significativamente Escherichia coli 0157: H7 e Salmonella enterica em fezes.
Resultados de pesquisa com farinha de insetos como ingrediente alternativo na alimentação animal para reduzir a competição por alimentos entre humanos e a produção animal tem sido satisfatórios em termos produtivos econômicos.
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