Economia verde: o que está por trás do termo e qual sua importância para o agro?

A economia verde positiva, diferente dos modelos tradicionais que buscam somente reduzir impactos, propõe a valorização do capital social, inovação orientada por propósito, aumento da produtividade e lucro!
O que muitos ainda acreditam ser balela, custo ou conversa daqueles que poucos estão ligados ao campo, se engana. É importante saber o que é, de fato, economia verde e o que ela pode impactar, para melhor, o agro brasileiro.
E é importante destacar que quando falamos em modelos sustentáveis de produção, precisamos reforçar que o lucro é primordial para que os sistemas produtivos se perdurem ou seja, que eles possam existir. Isso pouco é mencionado e é preciso estar atento a esse fato. Lucro também é parte fundamental da sustentabilidade
Vale lembrar que a sustentabilidade tem sido muito debatida no Farmnews. Alguns temas foram destaques, como:
- Gases de efeito estufa: novos requerimentos para a agricultura brasileira. Clique aqui!
- Como o ESG pode influenciar na inflação dos alimentos, seja na queda como também na alta dos preços. Clique aqui!
- Agricultura regenerativa: o que é e como ela pode ajudar o produtor rural brasileiro? Clique aqui!
Sustentabilidade Sistêmica
Nas últimas décadas, o Brasil protagonizou uma das maiores transformações agrícolas da história moderna. O que antes era visto como limitação, solos ácidos, clima tropical e vastas áreas improdutivas, tornou-se diferencial competitivo por meio da ciência, da inovação e da preservação de recursos naturais.
A partir da década de 1970, com a criação da Embrapa e a atuação de líderes visionários como Eliseu Alves, Irineu Cabral Pereira, Alysson Paolinelli, Roberto Rodrigues, entre outros, iniciou-se uma jornada de superação e desenvolvimento que posicionou o Brasil entre os maiores produtores globais de alimentos, fibras e bioenergia.
Se o século XX foi marcado pela conquista da produtividade, o século XXI impõe novos desafios: produzir mais, com menos impacto. A produção do futuro que, na verdade, já é presente exige mais do que eficiência: exige responsabilidade.
A crescente demanda por sustentabilidade, a urgência da adaptação climática, a digitalização do campo, a rastreabilidade das cadeias produtivas e a adesão a critérios ESG (Environment – Meio-Ambiente, Social – Social e Governance – Governança) passaram a ocupar o centro das decisões estratégicas no agronegócio. Uma visão integrada e de gestão de riscos, que considera os impactos ambientais, sociais e de governança, substitui a lógica do “antes e depois da porteira” pela gestão do ciclo de vida dos produtos e pela corresponsabilidade de todos os agentes da cadeia.
Neste contexto, surge a pergunta essencial: A potência agrícola do Brasil está pronta para ser também uma potência verde?
Sustentabilidade no centro do discurso: longevidade e equilíbrio
O Brasil é mundialmente reconhecido como uma potência agrícola, resultado de décadas de investimentos em ciência, tecnologia e políticas públicas voltadas à produção rural. Mas esse protagonismo não se sustenta apenas pelo volume de produção ou pela extensão territorial, ele se consolida pela capacidade de produzir com inteligência e responsabilidade ambiental.
Desde 1934, com a criação do primeiro Código Florestal Brasileiro (Decreto nº 23.793), o país demonstra compromisso com a preservação ambiental. Esse marco foi modernizado pela Lei nº 12.651/2012, o Novo Código Florestal, que estabelece diretrizes para o uso sustentável da terra, a recuperação de áreas degradadas e a proteção da vegetação nativa.
Embora a legislação seja o alicerce, é por meio das boas práticas e da inovação que o Brasil avança em sua jornada verde. Um exemplo expressivo é o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), desenvolvido pelo MAPA com apoio da Embrapa, universidades e instituições financeiras. O plano reúne diretrizes e incentivos para práticas agrícolas sustentáveis que reduzem ou capturam emissões de gases de efeito estufa, que impulsionou uma Agricultura 3.0 com eficiência, inovação e métricas adaptadas à realidade brasileira.
ESG como critério de gestão: medir, reportar, gerir riscos e comunicar
Com a evolução das exigências ambientais, sociais e de governança, o ESG se tornou, a partir de 2019, um critério central de gestão no setor agropecuário. Consumidores, investidores e órgãos reguladores passaram a condicionar crédito, exportações e parcerias ao desempenho ambiental e social das empresas.
Entretanto, os benefícios da agenda ESG ainda estão concentrados entre grandes produtores, cooperativas e agroindústrias, que possuem estrutura e capital para investir em rastreabilidade, metas climáticas, políticas de integridade e responsabilidade social. Enquanto isso, uma grande parcela de pequenos e médios produtores segue à margem desse processo, devido à falta de acesso a crédito, tecnologia, formação técnica e assistência especializada, reflexo de uma exclusão histórica que precisa ser urgentemente reparada.
Essa exclusão compromete não apenas a equidade da cadeia produtiva, mas também o cumprimento das metas climáticas nacionais e internacionais. É fundamental ampliar os mecanismos de inclusão e engajamento desses produtores, que representam um dos elos mais críticos e sensíveis da cadeia agroindustrial brasileira.
A jornada da adequação é complexa e séria
Observa-se o crescimento desordenado de consultorias despreparadas que, sem o conhecimento técnico necessário, têm implementado abordagens genéricas e fórmulas importadas, desconsiderando as especificidades do campo brasileiro. Essa superficialidade transforma o ESG em um pacote de boas intenções mal executadas, com planos frágeis, metas irreais e resultados inconsistentes. Comprometendo a credibilidade do setor e podendo afastar investimentos estratégicos.
O ESG é um modelo de gestão técnico, complexo e sistêmico, que exige domínio de indicadores, conhecimento da legislação, capacidade de mensurar impactos e, acima de tudo, sensibilidade ao contexto rural brasileiro. Para que o Brasil se consolide como uma potência verde, é necessário investir em capacitação técnica, governança de dados, inovação tropicalizada e construção colaborativa de soluções com quem está na ponta: o produtor rural.
Economia Verde Positiva: Regenerar, valorizar o capital natural e gerar prosperidade compartilhada
A potência agrícola do Brasil está pronta para ser também uma potência na economia verde? Sim, o Brasil pode e deve ser uma potência verde!
A Economia Verde Positiva surge como uma resposta estratégica e integrada às metas e aos desafios ambientais, sociais e econômicos que marcam o século XXI. Diferente de modelos tradicionais que apenas buscam reduzir impactos, ela propõe uma transformação sistêmica baseada na regeneração dos recursos naturais, na valorização do capital social, inovação orientada por propósito, aumento de produtividade e sustentabilidade econômica.
Pois é, a economia verde positiva, diferente dos modelos tradicionais que buscam somente reduzir impactos, propõe a valorização do capital social, inovação orientada por propósito, aumento da produtividade e sustentabilidade econômica!
No agronegócio, esse modelo representa a possibilidade de aliar produtividade à recuperação ambiental, inclusão social e geração de novos mercados como o de créditos de carbono e bioeconomia. Ao conectar práticas sustentáveis no campo com cadeias produtivas transparentes e consumidores conscientes, a economia verde positiva posiciona o setor como protagonista de um futuro onde desenvolvimento econômico, segurança alimentare preservação caminham lado a lado.
Engrenagens de valor sustentável
O novo modelo de inovação sistêmico, “do produtor ao mercado financeiro”, atua de forma integrada, compartilhando responsabilidades e gerando impacto positivo. Uma cadeia conectada pelo valor sustentável, representa um ecossistema colaborativo, onde sustentabilidade, inovação e prosperidade caminham juntas.
Não se trata apenas de produzir, mas de como se produz, com consciência ambiental, valorização das pessoas e gestão eficiente em todas as etapas.
Produtor Rural: Primeiro elo e protagonista da mudança
O produtor rural cuida do solo, da água, da biodiversidade e das pessoas. A Economia Verde Positiva o reconhece como um agente de valor, não apenas pela produção, mas pela forma como produz. Práticas regenerativas, agricultura de baixo carbono, manejo responsável e bem-estar social tornam-se ativos valorizados, inclusive no acesso a mercados e financiamentos diferenciados.
Indústria e Beneficiamento: Sustentabilidade como valor agregado
Nas agroindústrias, a integração da Economia Verde Positiva significa investir em rastreabilidade, eficiência energética, gestão de resíduos, redução de emissões e economia circular. Empresas alinhadas ao ESG geram valor para suas marcas, atendem às exigências do mercado e fortalecem sua rede de fornecedores com responsabilidade.
Logística e transporte: Eficiência com menor impacto
Integrar a economia verde à logística agro significa adotar práticas como intermodalidade, biocombustíveis, tecnologias de gestão de frotas e compensação de emissões. Cadeias mais curtas, rastreáveis e eficientes reduzem perdas, custos e pegada ambiental.
Varejo e distribuição: Conexão entre o agro e o consumidor
A Economia Verde Positiva permite ofertar produtos com origem, propósito e impacto positivo. A crescente demanda por alimentos saudáveis, éticos e sustentáveis valoriza toda a cadeia e transforma o consumo em um ato consciente.
Mercado financeiro e crédito: Fomento à sustentabilidade
Bancos, fundos e cooperativas de crédito têm papel essencial no incentivo à produção responsável. Financiamentos atrelados a boas práticas promovem inclusão, inovação e geração de valor.
Governança e políticas públicas: Base da transformação sistêmica
A consolidação da Economia Verde Positiva exige governança responsável, políticas públicas coerentes e incentivos estruturados. Fortalecer o Plano ABC+, marcos de rastreabilidade, programas de capacitação e sistemas de certificação é essencial para um modelo onde sustentabilidade, rentabilidade e inclusão caminhem juntas.
Conclusão: Um novo ciclo para o agro brasileiro
A trajetória do agronegócio brasileiro é marcada por superações, inovação e capacidade de adaptação. Do domínio da produtividade no século XX à consolidação de uma nova mentalidade no século XXI, o país tem em suas mãos a oportunidade de liderar não apenas em volume, mas em valor, um valor regenerativo, ético e responsável.
A transição para uma Economia Verde Positiva é mais do que uma tendência: é um imperativo estratégico, ambiental e social. Produzir com responsabilidade, incluir quem está na base da cadeia, inovar com inteligência tropicalizada e valorizar nosso capital natural, são caminhos para um agro mais forte, resiliente e respeitado globalmente.
O futuro sustentável da produção agropecuária depende da ação conjunta: do produtor ao consumidor, da fazenda ao mercado financeiro, das políticas públicas às tecnologias do campo. Juntos, podemos regenerar o presente e cultivar um amanhã mais próspero para todos.
Vamos juntos transformar os desafios em oportunidade!👉 Conecte-se com a Forte Field Group: pelo Linkedin: https://www.linkedin.com/company/forte-field-group📞 Fale com a Bruna peço whatsapp: 11 98697-1673 📞
O Farmnews agora tem uma Comunidade! Mais recursos e organização para interagir de modo seguro com nossos leitores! Clique aqui e faça parte!