Estudo mostra viabilidade em substituir milho por milheto
Estudo mostra que substituir milho por milheto trás benefícios econômicos para a produção de suínos.
Sabe-se que a nutrição detém a maior porcentagem do custo de produção na suinocultura. Este fato é ainda mais evidente quando se trata das fases de crescimento e terminação, devido ao volume de ração destinado a estas fases.
Deve-se considerar ainda que os ingredientes energéticos são os que mais pesam no custo das dietas, sendo o milho o mais utilizado no Brasil.
Nos últimos anos, alternativas que visam a redução e/ou o melhor aproveitamento das fontes energéticas na dieta vêm sendo amplamente testadas, como por exemplo, a inclusão de aditivos enzimáticos (ex: carboidrases, xilanases, B-glucanases ou suas combinações). Outra opção seria a substituição parcial do milho por outros ingredientes, como o sorgo e o milheto.
Os dados do LAE/USP mostram queda no custo da diária de bovinos confinados em São Paulo e alta em Goiás. Clique aqui e confira!
Diversos trabalhos científicos demonstram a similaridade nos resultados de desempenho zootécnico entre suínos submetidos a dietas convencionais e aqueles submetidos à dietas com ingredientes alternativas ou com inclusão de aditivos.
No entanto, de nada adianta chegar a uma conclusão apenas pela demonstração de tal similaridade sem considerar o impacto que ambas as alternativas apresentam no custo com a dieta ou na lucratividade obtida por estas substituições.
Para exemplificar, utilizamos os resultados propostos no artigo científico de Moreira, de 2007, para avaliarmos a substituição do milho por milheto como fonte energética em dietas voltada para suínos em fase de crescimento e terminação. Para tanto, consideramos os resultados de desempenho zootécnico bem como o programa de alimentação de suínos propostos pelos autores. Os preços, porém, foram aqueles da atualidade, como explicaremos a seguir. Os dados de desempenho zootécnico dos animais são descritos na Tabela abaixo.
Desempenho zootécnico de suínos submetidos a dietas contendo milheto como ingrediente energético
Para desenvolver a simulação, utilizamos a série histórica dos preços dos ingredientes utilizados no programa de alimentação dos suínos, obtidos por meio de bases de dados do IEA, Scot Consultoria e preços de balcão (spots), deflacionando-os para o mês de julho de 2019 por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC – IBGE).
O custo com a dieta, obtido pelo estudo, foi considerado 76,1% do custo total de produção e 23,9% como demais custos de produção, de acordo com o Índice de Custo de Produção de Suínos para o mês de julho de 2019 (ICP Suínos, EMBRAPA Suínos e Aves).
Para avaliar a lucratividade, a série histórica do preço pago pelo suíno em São Paulo foi considerada: R$4,35/kg. A partir do levantamento de preços, foram considerados cenários de preços médios, mínimos e máximos para milheto, milho e farelo de soja, que são os ingredientes com maior participação no programa de alimentação estudado. Os resultados são apresentados na tabela abaixo:
Simulação dos custos de dieta e lucratividade na produção de suínos em resposta à substituição de milho por milheto como fonte energética em dietas de suínos em crescimento e terminação
Neste exemplo, podemos observar a importância da simulação da lucratividade da produção.
Como podemos observar, se considerássemos apenas o custo da dieta, concluiríamos que a melhor dieta seria aquela tendo o milho como fonte energética.
No entanto, se considerarmos o lucro obtido, percebemos que, na verdade, a melhor opção seria dietas contendo o milheto 4 como fonte energética da dieta.
É importante também considerarmos os cenários de mínima e máxima para os ingredientes, pois, por meio deles, podemos observar os pontos críticos em que os preços dos principais ingredientes alcançaram seu pico histórico e como isso refletiria no custo da dieta bem como na lucratividade da atividade.
No exemplo simulado notamos que em cenários de máximo custo dos ingredientes, a dieta a base de milho apresentou maior custo e menor lucratividade. Fato inverso quando o cenário de mínimo preço praticado.
O ano de 2019 tem sido promissor para suinocultura brasileira, já que os dados do mercado mostram forte avanço. Isso porque tanto as exportações brasileiras de carne suína como o preço do produto no mercado doméstico seguem em alta, pelo menos até julho, o que reforça o bom momento da suinocultura brasileira. Clique aqui e saiba mais!
Ainda, por meio dos preços médios mensais, é possível avaliarmos a lucratividade de acordo com a variação dos preços mensais, podendo assim sugerir em qual mês se é mais economicamente viável o uso do milheto, se baseando na variação histórica dos preços.
A Figura abaixo mostra que, nas proporções de inclusão estudadas, a dieta a base de milho seria mais lucrativa apenas nos meses de fevereiro, março e maio, período em que o milheto apresentou menor preço real de compra.
Conhecer o sistema produtivo nos permite desenvolver diversas outras simulações a partir do modelo proposto, desde que se conheça também os dados necessários. Por exemplo, pode-se simular a resposta econômica da atividade em cenários de alta e baixa nos preço do suíno, como o mercado atual vem se apresentando nos últimos anos.
Vale ressaltar que todas as análises foram feitas com base em dados de pesquisa e que, realidades diferentes surtem resultados diferentes.
O LAE (Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal) desenvolve análises de custo como esta para diferentes espécies animais. Interessados podem entrar em contato pelo lae@usp.br ou +55 19 3565 4163.
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