A nova moda do “leite que não é leite” e a propaganda que engana mais do que informa!
Um recente comercial da NotMilk, marca da startup chilena NotCo, viralizou ao mostrar nossos queridos mascotes da Parmalat que apareceram pela primeira vez em 1996, hoje adultos, cheios de boletos para pagar e com problemas de intolerância à lactose. Vendidos como alternativa moderna, saudável e sustentável ao leite tradicional, o produto, feito de água, óleo de coco, suco de repolho, fibra de chicória, proteína de ervilha e aromatizantes, é anunciado como “leite, só que melhor”.
Nasce aí um novo movimento, o “Trans Food“, o cogumelo que se sente bacon, a ervilha e o grão de bico de mãos dadas com o sódio que se sentem hambúrguer, a amêndoa e a castanha espremida que se sentem leite, ou seja, onde tudo se diz saudável, inovador e que vai combater o aquecimento global, desde que você não faça a análise de emissões de todo ciclo da cadeia de produção.
Mas será mesmo?
Por trás da estética inovadora e do discurso “green”, há uma série de narrativas que merecem ser questionadas, especialmente quando tentam culpabilizar o produtor de leite brasileiro, responsável por alimentar milhões de pessoas com um produto essencial, emocional, ancestral, acessível e produzido com rigor sanitário e ambiental.
De onde vem o leite? Do campo. E o NotMilk? De uma fábrica e de muito processamento.
Ao contrário do que os anúncios querem sugerir, a bebida vegetal da NotCo não é leite, e tampouco pode ser comparada a ele em termos nutricionais ou de rastreabilidade natural. É uma composição altamente processada, com aditivos criados para imitar o gosto, a cor e a textura do leite de vaca.
Enquanto isso, o produtor brasileiro acorda cedo todos os dias para ordenhar vacas de verdade, gerando emprego e renda em mais de 1 milhão de propriedades, segundo dados da Embrapa. Trata-se de uma das cadeias mais democráticas do agro, presente desde pequenas propriedades familiares até grandes bacias leiteiras.
Sustentabilidade de verdade ou marketing ambiental?
Narrativas como “NotMilk é melhor para o planeta” soam bem nos comerciais, mas ignoram uma verdade incômoda: substitutos vegetais nem sempre têm menor pegada de carbono. A propaganda do “leite que não é leite” confunde e engana os consumidores menos familiarizados com o agro!
Um estudo publicado na Journal of Cleaner Production aponta que bebidas vegetais como as de ervilha ou amêndoa possuem emissões associadas ao processamento, transporte e uso de insumos importados que podem, em muitos casos, ultrapassar as emissões de leite fresco de produção local e sustentável.
Além disso, a pegada hídrica da amêndoa, da soja e até da ervilha pode ser alta em função do uso de irrigação intensiva. Já o leite brasileiro, especialmente o produzido a pasto, pode ter baixa intensidade de carbono, particularmente quando aliado a práticas de manejo sustentável e sistemas integrados como o ILPFE (integração lavoura – pecuária – floresta – energia).
Tecnologia sim, mas com responsabilidade e transparência
Não se trata de demonizar os produtos alternativos, eles têm seu espaço no mercado, principalmente para consumidores com restrições alimentares ou preferências éticas. Mas é necessário transparência na rotulagem, responsabilidade na publicidade e respeito à inteligência do consumidor.
Rotular uma bebida de plantas como “leite melhorado” é desinformar, é marketing que ultrapassa os limites do aceitável, a própria legislação brasileira proíbe que produtos que não sejam de origem animal usem o nome “leite”,e por conta disso, o referido comercial talvez seja retirado de circulação pela Conar, após uma ação movida pela Parmalat.
E vestindo a farda de defensora do Agro, vou dar uma de Capitão Nascimento no curso de ingressantes do BOPE e lembrar das aulas de morfologia da faculdade: A palavra “leite” tem origem no termo latino “lac”, que significa, também, leite, “lac” por sua vez, tem raízes na palavra indo-europeia “mlk,” relacionada à ação de ordenhar, portanto, a palavra “leite” em português deriva diretamente do latim, ou seja, não ordenhamos castanhas e sim os tetos da vaca!
O apagamento de quem produz o alimento de verdade
A campanha da NotMilk não é apenas uma brincadeira inofensiva com os bichinhos que cresceram. Ela representa mais um passo na tentativa de “cancelar” o produtor rural, especialmente o pequeno leiteiro, em nome de uma suposta modernidade cosmopolita, um retrocesso travestido de inovação.
Se os grandes centros urbanos consomem a ilusão de que tudo pode vir de laboratório, o campo continua sustentando a realidade de que sem agricultura e pecuária, não há comida na mesa, nem mesmo os ingredientes desses substitutos, a não ser aquele grupo que se alimenta de luz, mas esconde um pacote de bolacha debaixo do colchão.
Inovação de verdade valoriza quem já faz bem feito
O Brasil precisa sim de inovação, mas de uma inovação que inclua o produtor, que aumente a eficiência sem apagar a história e a identidade rural do país.
Valorizar o leite de verdade é reconhecer a importância de uma cadeia produtiva robusta, histórica, tecnificada e em constante aprimoramento ambiental, mesmo que vivendo na corda bamba para sobreviver com mais lucratividade. É entender que a sustentabilidade precisa de raízes, e as nossas estão no campo.
E a pergunta que fica: Entre o marketing de laboratório e a ordenha no campo, de onde vem o alimento que você confia e consome?
Você sabia que existem formas de monetizar sustentabilidade e o produtor, além de atender as exigências globais por produção responsável, pode adotar mecanismos de valorização para lucrar mais? Clique aqui e saiba mais!
Vale lembrar que a sustentabilidade tem sido muito debatida no Farmnews. Alguns temas foram destaques, como:
- Nova era do agro: integração lavoura, pecuária, floresta e energia. Clique aqui!
- Conservação do solo e sua relação com o lucro sustentável. Clique aqui!
- Gases de efeito estufa: novos requerimentos para a agricultura brasileira. Clique aqui!
- Como o ESG pode influenciar na inflação dos alimentos, seja na queda como também na alta dos preços. Clique aqui!
- Agricultura regenerativa: o que é e como ela pode ajudar o produtor rural brasileiro? Clique aqui!
Vamos juntos transformar os desafios em oportunidade!👉 Conecte-se com a Forte Field Group: pelo Linkedin: https://www.linkedin.com/company/forte-field-group📞 Fale com a Bruna peço whatsapp: 11 98697-1673 📞
O Farmnews agora tem uma Comunidade! Mais recursos e organização para interagir de modo seguro com nossos leitores! Clique aqui e faça parte!




