A pecuária tem um papel central na segurança alimentar e na economia global. O que precisamos é de uma transformação sustentável e colaborativa, guiada por ciência, diálogo e inovação!
Vale lembrar que o Congresso Mundial da Carne (WMC – World Meat Congress) está sendo realizado no Brasil pela primeira vez, consolidando o País como referência em produção sustentável de carne. Clique aqui e saiba mais sobre o evento!
Durante o World Meat Congress 2025, o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Thanawat Tiesin, apresentou uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades do setor global de pecuária. Sua mensagem central foi clara: o mundo precisará transformar a forma como produz e comunica a produção de carne, equilibrando segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e valorização do produtor.
Um setor sob pressão — mas cheio de oportunidades
Tiesin reconheceu que a pecuária vive um momento de forte pressão social, regulatória e ambiental, mas também ressaltou que se trata de um setor essencial e em plena transformação.
Entre os desafios citados estão a insatisfação dos produtores com políticas públicas e marcos regulatórios, o aumento da pressão de ativistas, especialmente ligados ao bem-estar animal, e as críticas ao sistema alimentar global evidenciadas em fóruns como o UN Food System Summit 2021.
Apesar desse contexto, o representante da FAO reforçou que as chamadas “más notícias” — como mudanças climáticas, riscos sanitários e tensões comerciais — devem ser encaradas como gatilhos para inovação e cooperação.
“A pecuária tem um papel central na segurança alimentar e na economia global. O que precisamos é de uma transformação sustentável e colaborativa, guiada por ciência, diálogo e inovação”, destacou Tiesin.
Demanda crescente e realidades diferentes
Com a população mundial projetada para chegar a 10 bilhões de pessoas nas próximas duas décadas, a demanda por alimentos, especialmente proteínas animais, continuará aumentando — com destaque para Ásia e África, onde o consumo cresce mais rapidamente.
Tiesin alertou, porém, que a sustentabilidade não é universal: cada região tem seus próprios caminhos e prioridades.
Ele citou exemplos que ilustram a diversidade de modelos de produção ao redor do mundo:
- Índia: referência na produção de leite de búfala, com fazendas familiares de pequena escala.
- Arábia Saudita: produção de laticínios no deserto e planos para expandir a pecuária de corte.
- China: adoção de fazendas automatizadas e conectadas com tecnologia 5G.
- Noruega: limitação territorial, mas uso eficiente das pastagens.
Essa pluralidade, segundo o especialista, mostra que não há um único modelo de sustentabilidade, e sim múltiplos caminhos adaptados às condições econômicas, ambientais e sociais de cada país.
Os quatro pilares da transformação sustentável
A FAO estrutura sua visão de futuro na chamada estratégia dos “Quatro Melhores” (Four Betters):
- Melhor Produção – com eficiência e inovação tecnológica.
- Melhor Nutrição – garantindo alimentos seguros e acessíveis.
- Melhor Ambiente – reduzindo impactos e promovendo circularidade.
- Melhor Vida – fortalecendo comunidades rurais e bem-estar social.
Para Tiesin, a produção é o ponto de partida para que os demais pilares se tornem realidade. “Sem uma base produtiva sólida e sustentável, não há segurança alimentar, nem prosperidade rural”, afirmou.
A importância de uma narrativa positiva
Um dos pontos mais fortes do discurso foi o apelo à construção de uma nova narrativa para a pecuária — uma narrativa baseada em evidências, resultados e histórias reais de transformação.
Tiesin enfatizou que a FAO está comprometida em comunicar as contribuições positivas da pecuária ao meio ambiente, à economia e à segurança alimentar global.
Essa estratégia inclui o lançamento de relatórios técnicos, guias sobre economia circular e serviços ecossistêmicos, além de programas como o RenoFarm, que busca reduzir o uso de antimicrobianos na produção animal.
O representante também anunciou a criação da “Semana da Pecuária Sustentável da FAO”, uma plataforma de diálogo entre produtores, governos, setor privado e ativistas, reforçando que o futuro do setor depende de cooperação, não de polarização.
Investimento e colaboração como motores da mudança
Para transformar discurso em prática, a FAO está articulando uma agenda global de investimentos junto a instituições como o Banco Mundial e a IFC, com expectativa de mobilizar US$7 bilhões em projetos sustentáveis na próxima década.
Esses recursos serão aplicados em infraestrutura, inovação, capacitação técnica e apoio direto a países em desenvolvimento, promovendo uma pecuária mais eficiente e resiliente.
Sustentabilidade com contexto: estômagos cheios x estômagos vazios
Tiesin destacou uma reflexão provocadora: as prioridades variam conforme o contexto.
Nos países desenvolvidos — os “estômagos cheios” — o debate gira em torno de clima e emissões. Já nas regiões em desenvolvimento — os “estômagos vazios” —, o foco é alimentar a população e garantir renda no campo.
Por isso, a FAO defende políticas contextuais, equilibradas e realistas, que considerem as diferentes realidades e necessidades globais.
O futuro é de colaboração
Encerrando sua palestra, Thanawat Tiesin reforçou o tom de otimismo pragmático:
“O setor pecuário tem futuro — e será um futuro de equilíbrio entre produção, pessoas e planeta. Mas isso só será possível se trabalharmos juntos, de forma colaborativa e baseada em evidências.”
A mensagem final resume o espírito da FAO no WMC 2025: a pecuária é parte da solução, e a transformação sustentável depende de ação coordenada, inovação e comunicação positiva.
Confira também os destaques da palestra de Rupert Claxton, no Congresso Mundial da Carne, que analisou o futuro da carne, ressaltando a crescente demanda mundial e os desafios de atender esse maior consumo! Clique aqui!
O Farmnews disponibiliza, diariamente, seus estudos de forma gratuita pelo whatsapp. Clique aqui!




