Futuro dos bioinsumos e o “Vale do Sílicio” da agricultura biológica!

O futuro dos bioinsumos além do enorme potencial já mostra números expressivos para a agricultura brasileira.
O futuro dos bionsumos já começou, mas o potencial do setor ainda é muito grande, apesar do robusto crescimento ao longo dos últimos anos.
É com um entusiasmo contagiante que observo o cenário atual do agronegócio brasileiro. Não é de hoje que o Brasil se destaca como esse gigante agrícola, um celeiro global que alimenta o mundo. Mas o que me fascina e me impulsiona é o que está por vir: o protagonismo inquestionável do nosso país no universo dos produtos biológicos.
E com relação ao futuro dos bioinsumos, acredito firmemente que estamos à beira de um momento histórico, onde a nossa rica e inexplorada biodiversidade se tornará a chave para uma revolução verde, capaz de nos posicionar como o “Vale do Silício da Agricultura Biológica”.
Ao longo dos anos, tenho acompanhado de perto o crescimento exponencial do mercado de bioinsumos no Brasil. Os números falam por si e são um espelho do nosso potencial: um aumento impressionante de 15% na safra 2023/2024, movimentando cerca de R$5 bilhões, e um crescimento médio anual de 21% nos últimos três anos, superando em quatro vezes a média global. Isso não é apenas uma estatística; é um testemunho vibrante da capacidade do nosso agronegócio de abraçar a inovação e a sustentabilidade, respondendo a uma demanda global por práticas mais verdes e eficientes. O segmento de controle biológico, que já representa 57% da área tratada no Brasil, é um claro indicativo da direção irreversível que estamos tomando. E o mais empolgante é que o Brasil já possui uma das maiores taxas de adoção de bioinsumos no mundo, consolidando nossa liderança e nos colocando na vanguarda dessa transformação.
Nossas condições agroclimáticas singulares e a imensa variedade de biomas – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa, Pantanal – não são apenas belezas naturais; são um verdadeiro tesouro para a descoberta de microrganismos com propriedades únicas. Essa riqueza inestimável nos confere uma vantagem competitiva sem igual, um laboratório natural à espera de ser desvendado. É essa biodiversidade, combinada com o avanço incansável da pesquisa e tecnologia, que nos coloca na vanguarda do desenvolvimento de soluções inovadoras para uma agricultura mais produtiva e, acima de tudo, responsável ambientalmente.
Recentemente, pesquisadores no remoto deserto da Puna, na Argentina, descobriram micróbios (extremófilos) capazes de tornar possível o crescimento de plantas em solo degradado, além de aumentarem em 9% a 13% a produtividade em solo fértil, podendo substituir fertilizantes sintéticos. Imagine, então, o que o Brasil, com sua vasta e inexplorada biodiversidade, pode oferecer ao mundo: soluções revolucionárias para a resiliência a secas, a otimização da absorção de nutrientes e a proteção natural contra pragas, reduzindo a dependência de insumos químicos e impulsionando a produtividade de forma sustentável. Países como Índia, Alemanha e EUA já estão nessa corrida tecnológica, com centenas de produtos e empresas explorando a nanotecnologia para a prosperidade agrícola. O Brasil tem tudo para ser um dos grandes pioneiros.
O Sonho do Vale do Silício: Um Convite à Colaboração e Inovação
Quando penso no Vale do Silício, não imagino apenas um lugar de grandes corporações de tecnologia. Vejo um ecossistema vibrante, impulsionado pela conexão sinérgica entre universidades, startups, investidores, centros de pesquisa e, fundamentalmente, uma cultura de inovação, risco e colaboração. A capacidade de atrair e reter talentos, uma cultura que valoriza o comportamento ousado e as ideias inovadoras, e um espírito colaborativo onde a troca de informações é constante – esses são os pilares do sucesso do Vale.
E é exatamente esse modelo que eu acredito que o Brasil tem a oportunidade de replicar no agronegócio. Já vemos um movimento crescente de Agtechs no nosso país – um aumento de 75% entre 2019 e 2024, saltando para quase 2.000 startups! Essas empresas estão descentralizadas, mostrando a maturidade e a capilaridade do nosso ecossistema, e a participação feminina é um dado inspirador, refletindo a diversidade e o dinamismo do setor. A inteligência artificial, por exemplo, já se destaca com investimentos significativos em monitoramento de lavouras, previsão de safras e otimização de recursos hídricos, contribuindo para decisões mais assertivas e uma gestão agrícola mais inteligente.
Meu Apelo aos Jovens Talentos Brasileiros
Acredito que, para os jovens agrônomos e empreendedores brasileiros, este é um momento de ouro. Assim como a Índia utiliza inteligência artificial, aprendizado de máquina e metagenômica do solo para desvendar novas funções para a saúde do solo, o Brasil precisa intensificar o investimento e a capacitação de seus profissionais nessas áreas. Essas ferramentas não apenas aceleram a descoberta de novos bioativos, mas também permitem a otimização da aplicação, o monitoramento preciso da saúde do solo e a personalização de soluções para cada tipo de cultura e ambiente. As oportunidades são imensas e estou convicto de que podemos transformar esse potencial em realidade:
- Pesquisa e Desenvolvimento: Desbravar o desconhecido, descobrir novas cepas microbianas e formular soluções que redefinam a agricultura, superando desafios de estabilidade, eficácia e compatibilidade em campo, garantindo que a inovação chegue de fato ao produtor.
- Empreendedorismo: Criar startups que não apenas inovem em bioinsumos e bioprocessos, mas que também ofereçam serviços de consultoria essenciais para uma agricultura mais sustentável e de alta tecnologia.
- Tecnologia: Desenvolver ferramentas de IA e machine learning que otimizem cada etapa da aplicação e monitoramento de produtos biológicos, desde a formulação até a colheita.
- Gestão e Consultoria: Ser a ponte entre a inovação e o campo, orientando produtores rurais na transição para sistemas de produção mais eficientes, sustentáveis e rentáveis.
Fomentar um ambiente que valorize a ciência, a inovação e o empreendedorismo é fundamental. É a nossa chance de atrair e reter talentos, construindo na agricultura o que os Estados Unidos construíram na tecnologia com o Vale do Silício. Estou convencido de que podemos criar um legado de sustentabilidade e liderança global, onde a biodiversidade brasileira se torna a força motriz de uma nova era agrícola, impulsionada pela inteligência e paixão de jovens visionários.
Este é o momento de investir em nosso capital humano e em nossa riqueza natural para que o Brasil não apenas participe, mas lidere a revolução biológica na agricultura mundial. E eu mal posso esperar para ver e fazer parte dessa transformação!
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Renato Seraphim também destacou para o momento de transformação do agronegócio brasileiro e, nesse contexto, os conceitos do Distribuidor 10.0. Clique aqui e confira!
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