A relação de troca de bezerros por boi gordo voltou aos patamares próximos da mínima histórica em 2025, pouco acima do valor observado em 2015 e 2021.

O importante é destacar que além da relação de troca em 2025 voltar aos patamares mínimos (primeira Figura), a expectativa é de uma alta ainda mais consistente do bezerro em 2026 e 2027. Nesse contexto, o que esperar do poder de compra do pecuarista?

Alguns de nossos leitores tem demonstrado essa preocupação, já que o poder de compra da reposição tem diminuído gradativamente, o que reforça também a necessidade de ganhos em produtividade e gestão cada vez maiores do pecuarista que faz a engorda dos animais. Mas é preciso estar atento também ao momento de repor o rebanho, pois fica o receio do poder de compra em 2026 ficar ainda pior que o observado em 2025. E essa é uma preocupação genuína!

A relação de troca de bezerros por gordo em 2021 foi de, em média, 2,11, valor acima da média parcial de 2025 de 2,21. Em 2026 essa relação de troca pode sim cair ainda mais, com a esperada alta no preço do bezerro, o que reforça a importância do planejamento e análise de mercado, ainda mais diante de um mercado cada vez mais volátil.

A Figura apresenta os dados da relação de troca de bezerros por boi gordo de 20,0@, segundo dados do Cepea, média anual, entre 2000 e a parcial de 2025 (até novembro, 17).

O fato é que ao longo dos anos, a pecuária foi se adaptando ao cenário de uma cria mais valorizada, com consequente reflexo nos ganhos de produtividade na engorda dos animais. No entanto, esse desafio para o terminador parece que pode aumentar ainda mais com a expectativa de valorização ainda mais expressiva a reposição (segunda Figura).

A Figura ilustra a evolução mensal do preço corrigido do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul) pelo IGP-M de outubro de 2025, em Reais por cabeça, desde janeiro de 2010.

O potencial de valorização do bezerro no atual ciclo de alta ainda é grande, como mostram os dados da segunda Figura acima. Além do patamar histórico do abate de fêmeas (clique aqui), o que também pode estar relacionado ao ajuste de produtividade na fase de cria, é esperado que o pico de alta do atual ciclo de alta alcance valores próximos ou até mesmo acima do pico de alta anterior, o que reforça a continuidade do movimento de alta da categoria de reposição.

Vale lembrar que no ciclo de alta anterior, o bezerro subiu mais que o boi gordo, alcançando pico de valorização maior frente ao boi gordo (terceira Figura). Em 2025 o preço do bezerro descolou do boi gordo, piorando o potencial de compra para aqueles que dependem da reposição do rebanho no mercado.

O preço médio nominal do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul) na parcial de 2025, até novembro (17) de R$2.835,1 por cabeça foi 30,5% maior que a média nominal de 2024 (R$2.172,6) e praticamente no mesmo patamar médio da máxima histórica anual de 2021, quando o valor nominal foi de R$2.893,0 por cabeça. Claro, em valores corrigidos pela inflação, o cenário é diferente, como apresentado na segunda Figura acima.

No caso do boi gordo (Cepea), a média nominal de 2025, até novembro (17) foi de R$313,7 por arroba, valor 22,3% acima da média nominal de 2024 (R$256,5) e também acima da máxima de 2022, quando o preço foi de R$317,8 por arroba (sem corrigir pela inflação).

A Figura apresenta a evolução mensal acumulada da variação do preço nominal do boi gordo (Cepea) e do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul), desde janeiro de 2010.

O fato é que o mercado futuro do boi gordo, apesar de muito pressionado em novembro (clique aqui), precifica recuperação ao longo de 2026, com os valores esperados da arroba pouco abaixo de R$330,0 por arroba. A referência da arroba do boi gordo no físico oscila em torno de R$320,0 em meados de novembro. No entanto, esses valores esperados de alta podem não ser suficientes para uma relação de troca menos pressionada em 2026. Em outras palavras, é preciso estar atento a reposição do rebanho em 2026.

O Farmnews comparou o preço do boi gordo, bezerro, milho e soja nos meses de novembro, entre 2018 e a primeira quinzena de 2025, tanto em moeda nacional (clique aqui) como em moeda americana (clique aqui).

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